Pelos auto-falantes do universo
Vou louvar-vos aqui na minha lua
Um trabalho que fiz noutro planeta
Onde nave flutua e disco voa.
Fiz meu marco no solo marciano
Num deserto vermelho sem garoa
Este marco que eu fiz é fortaleza,
Elevando ao quadrado Gibraltar!
Torreão, levadiça, raio-laser
E um sistema internet de radar;
Não tem sonda nem nave tripulada
Que consiga descer nem decolar.
Construi o meu marco na certeza
Que ninguém, cibernético ou humano,
Poderia romper as minhas guardas
Nem achar qualquer falha no meu plano
Ficam todos em fobos ou em Deimos
Contemplando o meu marco marciano
O meu marco tem rosto de pessoa
Tem ruínas de ruas e cidades
Tem muralhas, pirâmides e restos
De culturas, demônios, divindades:
A história de Marte soterrada
Pelo efêmero pó das tempestades
Construi o meu marco gigantesco
Num planalto cercado por montanhas
Precipícios gelados e falésias
Projetando no ar formas estranhas
Como os muros ciclópicos de Tebas
E as fatais cordilheiras da Espanha
Bem na praça central um monumento
Embeleza meu marco marciano:
Um granito em enigna recortado
Pelos rudes martelos de Vulcano:
Uma esfinge em perfil contra o poente
Guardiã imortal do meu arcano