quarta-feira, 21 de maio de 2008

A FESTA DA MENINA MORTA


SINOPSE
Há 20 anos uma pequena população ribeirinha do alto Amazonas comemora a Festa da Menina Morta. O evento celebra o milagre realizado por Santinho, que após o suicídio da mãe recebeu em suas mãos, da boca de um cachorro, os trapos do vestido de uma menina desaparecida. A menina jamais foi encontrada, mas o tecido rasgado e manchado de sangue passa a ser adorado e considerado sagrado. A festa cresceu indiferente à dor do irmão da menina morta, Tadeu. A cada ano as pessoas visitam o local para rezar, pedir e aguardar as "revelações" da menina, que através de Santinho se manifestam no ápice da cerimônia.

ELENCO
Daniel de Oliveira, Juliano Cazarré, Jackson Antunes, Cássia Kiss, Dira Paes

DIREÇÃO
Matheus Nachtergaele



O ator Matheus Nachtergaele teve seu batismo como diretor nesta tarde no Festival de Cannes. Em “A festa da Menina Morta”, ele investiga a fé e o sincretismo religioso do Brasil em uma comunidade ribeirinha do Amazonas.

O filme recebeu aplausos do público ao final da exibição, mas também provocou a saída de um bom número de espectadores ao longo da sessão. Com uma fotografia escura, performances fortes dos atores e uma visão do Brasil longe do estereótipo do homem cordial, o longa parece de fato de difícil compreensão para platérias estrangeiras.

Nos bastidores do filme, a fé era em Matheus Nachtergaele. “O Matheus é um grande maestro, deixando todo mundo bem e regendo tudo como se fosse um artista pintando um quadro”, descreveu Daniel de Oliveira em entrevista ao G1 logo após a sessão. Juliano Cazarré, que faz o personagem Tadeu, irmão da Menina Morta que começa a levantar dúvidas sobre o Santo, concorda. “O Matheus entendia tanto de direção de arte quanto a diretora de arte, tanto de fotografia quanto o diretor de fotografia e mais de atuação do que a gente. É um artista muito preparado que funcionava como um ponto de referência para a gente”, disse.



A imersão de dois meses no vilarejo de Barcelos, às margens do Rio Negro, envolvidos intensamente na história cobrou seu preço aos atores. “Quando peguei o barco, até a chegada em Barcelos, eu fui esvaziando, deixando o Juliano para trás. E aí você começa a entrar no personagem e aquilo vai doendo, mas você tenta dizer que não. E essa dor vai acumulando, acumulando até estourar”, revela Cazarré. A atriz Conceição Camarotti chegou a passar mal de saúde. “Durante todo o filme eu me segurei, mas quando acabou eu só pensava em voltar para casa, em Recife. Tive um pequeno derrame”, contou.

Para Oliveira, que protagoniza uma das cenas mais fortes do longa de Nachtergaele, em que pratica sexo com o pai no banheiro, o segredo foi “não pensar”. “Eu e o Jackson somos grandes amigos, a gente ia beber um com o outro para relaxar. Mas, antes da cena do banheiro, me deu uma tremedeira, pensei no meu avô que ia ver lá em Belo Horizonte… mas aí fui sem pensar, na raça. Tem tanta gente que é homossexual ou que vive essa relação incestuosa no Brasil. So pensei que o que estava representando era uma pessoa, você não cria esse preconceito na cabeça. Só faz”, explicou.

“A festa da Menina Morta” foi exibido na sessão Un Certain Regard e concorre à Câmera de Ouro no festival.

1 comentário:

Unknown disse...

eu queria muito ter visto esse filme ! Foi chocante só ler imagina ver !